Cuidado com extremos, seu coração agradece!
- Mauro Vinicius de Souza
- 14 de out de 2016
- 3 min de leitura

Muitas pessoas quando estão com raiva ou chateadas, recorrem a atividade física para descarregar todo o estress num treino intenso, seja correndo ou numa academia. A partir de hoje, você pode querer acalmar-se antes de praticar uma atividade física intensa.
Um grande estudo internacional tem vinculado essse esforço pesado enquanto estressado ou com raiva a um risco até três vezes maior de ter um ataque cardíaco.
O exercício regular é um antídoto saudável ao estresse e pode ajudar a prevenir doenças do coração. Mas uma nova pesquisa sugere que existem momentos bons e ruins para praticar atividades físicas e que extremos podem provocar sérios danos a sua saúde.
"Este estudo é mais uma evidência da conexão entre mente e corpo. Quando você está com raiva, não é o melhor momento para sair para uma corrida", disse Barry Jacobs, um psicólogo no Sistema de Saúde Crozer-Keystone no subúrbio Filadélfia e um voluntário da American Heart Association.
Estudos anteriores já apontavam a raiva e o esforço físico extremo como gatilhos para o ataque cardíaco fulminante, mas eram estudos menores ou em um único país ou feitos com poucas pessoas ou minorias. O novo estudo envolveu 12.461 pessoas que sofreram um primeiro ataque cardíaco em 52 países. A idade média foi de 58 anos e três quartos dos pacientes eram homens.
Eles responderam a um questionário sobre se estavam com raiva ou chateados, ou se realizaram um esforço físico intenso, uma hora antes de sofrer o ataque cardíaco ou durante o mesmo período de tempo do dia anterior. Dessa forma, os pesquisadores puderam comparar o risco em momentos diferentes nas mesmas pessoas e os efeitos desses potenciais gatilhos.
Estar com raiva ou chateado dobrou o risco de sofrer os sintomas de um ataque cardíaco dentro de uma hora; o esforço físico extremo obteve o mesmo resultado. Os dois fatores ao mesmo tempo mais do que triplicaram o risco de um ataque cardíaco.
O risco foi maior entre as 18:00 e meia-noite e independente de outros fatores como o tabagismo, pressão arterial alta ou obesidade.
Grandes ressalvas: Os pacientes relataram seu próprio estresse ou raiva, e as pessoas que acabaram de ter um ataque cardíaco podem ser mais propensas a recordar ou pensar que sofreram o ataque por um desses fatores. Além disso, o esforço extenuante é o que o paciente define que seja, para algumas pessoas poderia ser somente subir um lance escadas quanto para outras seria correr uma maratona.
O estudo também é observacional, por isso não pode provar causa e efeito. Mas é provavelmente o melhor tipo de informação disponível.
"Esta é uma amostra grande o suficiente, onde podemos tomar atitudes sobre os resultados", disse Jacobs.
"Todos nós precisamos encontrar maneiras de modificar nossas reações emocionais e evitar a raiva extrema", como nos distrair, afastando-se da situação estressante ou tentando observa-la a partir de uma perspectiva diferente, falando sobre o problema a fim de obter o apoio de outras pessoas, disse.
As conclusões do estudo também são biologicamente plausíveis. Estresse emocional e esforço extremo aumentam a pressão arterial e a frequência cardíaca, alterando o fluxo de sangue nos vasos e reduzindo o fornecimento de sangue ao coração, disse o líder do estudo, Dr. Andrew Smyth, da Universidade McMaster. Em artérias já entupidas com placas, um desses gatilhos podem bloquear o fluxo de sangue e levar a um ataque cardíaco.
"De uma perspectiva prática, haverá momentos em que a exposição a tais extremos serão inevitáveis", disse Smyth.
"Nós continuamos a aconselhar a atividade física regular para todos, incluindo aqueles que utilizam o exercício para aliviar o stress", mas as pessoas não devem ir além de sua rotina habitual em tais ocasiões, disse Dr. Andrew.
O estudo foi financiado pelos Institutos Canadenses de Pesquisa em Saúde, órgãos governamentais de vários países que participaram com doações de várias empresas farmacêuticas.
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